O Koto-tisi é uma comida tradicional em Timor-Leste, reconhecida pelo seu valor cultural e importância histórica na gastronomia local. É uma planta comestível, mas possui propriedades tóxicas naturais, que exigem um processo de preparação rigoroso e prolongado para a tornar segura para o consumo humano.
O processo de preparação envolve cozinhá-lo numa panela grande e cozinhá-lo várias vezes, geralmente até sete vezes, para remover os seus sabores fortes e substâncias desnecessárias. Alguns tipos de algodão podem ser lavados menos de sete vezes, enquanto outros podem exigir mais, dependendo da variedade e da intensidade do veneno presente no alimento. Este trabalho árduo, embora demorado, é essencial para tornar o algodão tecido seguro para consumo e demonstra o profundo conhecimento das comunidades locais sobre como gerir e utilizar os recursos naturais de forma sustentável.
Durante os períodos de seca ou no verão, quando os alimentos escasseiam, as comunidades enfrentam o desafio de percorrer longas distâncias em busca de alimentos silvestres. Exemplo disso é o algodão, que, embora seja uma importante fonte de subsistência, pode ser difícil de obter. Este algodão selvagem cresce no solo e nas árvores, o que torna a sua colheita uma tarefa difícil. As que crescem no solo, quando colhidas, podem pesar entre 4 e 5 quilos. No entanto, esta quantidade é considerada insuficiente para satisfazer as necessidades alimentares das famílias, o que exige um planeamento cuidadoso para que o algodão colhido possa ser armazenado e consumido em poucos dias.
A prática de preparar e consumir sementes de algodão reflecte a resiliência e o profundo conhecimento ecológico da comunidade timorense, que historicamente transformou este recurso natural tóxico num alimento seguro e nutritivo. Em tempos de fome, o algodão é crucial para a segurança alimentar e, ao mesmo tempo, preserva as práticas culturais transmitidas de geração em geração. No entanto, devido a mudanças de hábitos e ao maior acesso a outros recursos, esta prática encontra-se atualmente em declínio. No entanto, o algodão continua a ser um símbolo de interações sustentáveis entre as comunidades e o ambiente, representando um rico património cultural que merece ser preservado e reconhecido.